Desenvolvimento Infantil: Como Pais Podem Multiplicar a Inteligência dos Filhos com Amor e Estímulos Adequados
O cérebro humano é fascinante, nele existem mais neurônios do que estrelas na nossa galáxia! Apesar de os neurônios continuarem a ser gerados ao longo de toda vida, mesmo na idade adulta, é na infância que ocorre um “boom” de conexões (sinapses) e podas que definirão quão fácil (ou difícil) será para uma pessoa aprender e realizar uma determinada atividade, seja ela física ou mental.
Nós somos frutos da soma de fatores genéticos e ambientais. Os primeiros, genéticos, herdamos de nossos antepassados e não há nada que possamos fazer a respeito (é como a cor dos nossos olhos). Eles nos dão (daí a palavra “dom”) características que propiciarão as facilidades e dificuldades que enfrentaremos ao longo da vida: estatura, tipo de cabelo, formato dos olhos, predisposições a doenças, entre outras. Uma criança, filha de pais altos, será alta e terá facilidade em se destacar em esportes em que esta característica é importante, como o vôlei e o basquete. Outras podem nascer superdotadas (AHSD), que possibilitará que elas tenham facilidades de aprendizagem em diversas áreas.
Mas, facilidade não é sinônimo de sucesso ou maestria. Para se dominar uma arte, um esporte, ou qualquer outra coisa é preciso interesse, empenho, dedicação e tempo de prática. Eu costumo dizer aos meus filhos para procurar as características positivas e negativas de uma pessoa em destaque, como por exemplo, vendo um jogo de basquete: qual o jogador que arremessa melhor de longe? Geralmente é o armador (ou base), porque ele é o mais baixo do time e não tem facilidade para entrar no garrafão. Então, ele se destacará pela inteligência, velocidade e qualidade de seus passes. O esforço pessoal (ou a falta dele) pode sobrepor muitos dos fatores genéticos, todos nós conhecemos casos de superação e sucesso.
Multiplique a inteligência de seu filho
Você se esforça para fazer seu filho ficar mais saudável? Mais forte? Com mais conhecimento? Tenho certeza de que 99,99% das pessoas responderão “sim” para estas perguntas. E, se eu perguntasse: você se esforça para fazer seu filho ficar mais inteligente? Qual seria a sua resposta? Glenn Doman, desde a década de 1960, estudou crianças que perderam metade do cérebro. Em suas pesquisas, sua equipe conseguiu fazer com que muitas dessas crianças se desenvolvessem e tivessem uma vida normal. Então, ele percebeu que a pergunta não era “Como uma criança com metade do cérebro consegue fazer tudo que uma criança com o cérebro inteiro consegue?”, mas, “Por que uma criança com o cérebro inteiro só faz o que uma com meio cérebro consegue fazer?”.
A nossa capacidade de aprendizagem é ilimitada e o nosso cérebro precisa de desafios. Ele é um órgão “plástico”, ou seja, tem a capacidade de se reorganizar e formar novas conexões entre neurônios ao longo da vida. Essa plasticidade permite que o cérebro se adapte a novos desafios e aprenda novas habilidades. Nós aprendemos desde antes do nascimento até o nosso último suspiro e, quanto mais desafios e estímulos damos ao cérebro, mais ele responde, expandindo a nossa rede de conexões neurais.
Além disso, é mais fácil ensinar um bebê de um ano a ler do que uma criança de sete. Crianças na primeira infância adoram aprender e elas podem aprendem a ler facilmente. Pesquisas mostram que:
- As crianças querem multiplicar sua inteligência;
- As crianças podem multiplicar sua inteligência;
- As crianças estão multiplicando sua inteligência;
- As crianças devem multiplicar sua inteligência;
- É fácil ensinar os pais a multiplicarem a inteligência dos filhos.
É fácil e prazeroso ensinar uma criança de um aninho a ler, a fazer contas, a entender e ler uma língua estrangeira (ou duas ou três línguas, se quiser). Assim como e fácil ensinar um recém-nascido a nadar.
É fácil e divertido ensinar uma criança de dois anos a fazer ginástica (ou balé), a tocar violino, ou piano, ou o que for. É fácil ensiná-la sobre pássaros, flores, árvores, insetos, répteis, conchas do mar, mamíferos, peixes, dinossauros, bandeiras, continentes, países, estados, alfabetos exóticos, ou qualquer outra coisa sobre eles que você deseja ensinar. Não é o conteúdo que importa, mas sim, o desenvolvimento da capacidade de aprender.
Quando você ensina a uma criança pequena, uma dessas coisas, sua inteligência cresce. Quando ensina várias dessas coisas, a inteligência da criança cresce acentuadamente. Quando você ensina todas essas coisas para uma criança pequena com alegria, amor e respeito, sua inteligência se multiplica.
E o melhor de tudo, quando pais que realmente amam e respeitam suas crianças dão-lhes a habilidade de aprender, as crianças são mais felizes, mais gentis e mais carinhosas do que as crianças que não tiveram essas oportunidades. Crianças que são ensinadas com amor e respeito não se tornam monstrinhos desagradáveis. Como o conhecimento e a verdade poderiam criar maldade? No entanto, é o contrário: o conhecimento leva ao bem.
As crianças mais competentes são as mais autossuficientes. Elas têm o menor motivo para lamentar e o maior motivo para sorrir. As crianças que têm mais habilidade têm menos necessidade de bater em outras crianças. As crianças que têm mais capacidade têm menos motivos para chorar e a maior razão para fazer as coisas. Em suma, as crianças que são brilhantes, conhecedoras e capazes são as crianças mais simpáticas e as mais compreensivas. Elas estão cheias das características pelas quais amamos crianças.
Certa vez, eu estava na sala de espera do pediatra com meu filhinho de dois aninhos. Ele estava brincando com um jogo de encaixe de peças em formato de animais com os nomes em inglês. Quando uma criança mais velha começou a gritar com ele e dizer que o nome do bicho em questão não era “monkey” e sim “macaco”, e teimava que estava escrito “macaco” na legenda. Eu e minha esposa sorrimos e concordamos com ele, pois sabíamos que não seria possível acalmá-lo de outra forma. Por sorte, conseguimos fazer nosso filho entender que não valia a pena discutir.
É a criança menos competente, incapaz, insensível, com pouco conhecimento que choraminga, chora, reclama e bate. Em suma, as crianças agem do mesmo jeito que os adultos.
Funcionamento e Desenvolvimento do Cérebro Infantil
O desenvolvimento do cérebro infantil é um processo fascinante e complexo que ocorre em diversas fases desde o nascimento até a adolescência. Entender, não só como esse processo funciona, mas também a importância da participação dos pais na educação prematura dos filhos pode fazer uma grande diferença na vida das crianças.
A Importância dos Primeiros Anos
Os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento cerebral. Durante essa fase, o cérebro da criança é extremamente plástico, ou seja, tem uma capacidade incrível de formar novas conexões neurais, milhares por segundo, em resposta aos estímulos recebidos. Isso é crucial para o desenvolvimento cognitivo e motor.
Fases do Desenvolvimento Cerebral
- Período Pré-natal: O cérebro começa a se formar e desenvolver ainda no útero. Três semanas após a concepção, o tronco cerebral, responsável por funções básicas como respiração e reflexos, já começa a se formar. Ainda durante a gestação, o feto é capaz de sentir sabores da dieta da mãe e escutar sons externos, como as vozes dos pais.
- Primeira Infância (0-3 anos): Alta plasticidade neural e desenvolvimento acelerado. Os primeiros três anos são marcados pela criação intensa de conexões neurais e pelo desenvolvimento das habilidades cognitivas e motoras.
- Infância Média (3-6 anos): Consolidação de habilidades motoras e cognitivas, onde a criança explora ativamente o mundo ao seu redor.
- Infância Tardia e Adolescência: Refinamento e especialização de funções cerebrais, com o cérebro se moldando com base nas experiências e estímulos recebidos.
Plasticidade e Poda Neural
A plasticidade neural é a capacidade do cérebro de se reorganizar, formando novas conexões sinápticas em resposta à aprendizagem e experiência. A poda neural ocorre ao longo de toda a vida, mas é mais frequente nos primeiros 9 anos, é a eliminação de sinapses menos utilizadas, enquanto as mais utilizadas são fortalecidas. Esse processo permite que o cérebro se adapte e otimize suas conexões.
Um bebê nasce com a capacidade de entender qualquer língua. Ao longo do primeiro ano, principalmente, serão reforçadas as sinapses que favorecem o entendimento da(s) língua(s) dos pais e/ou cuidadores, e de qualquer um que esteja por perto. E as conexões que estavam predispostas a aprender outros idiomas serão desligadas.
A Conexão entre Neurologia e Educação Infantil
Estímulos adequados podem promover o desenvolvimento de habilidades cognitivas, motoras e emocionais. Exercícios que envolvem coordenação, memória e resolução de problemas são benéficos para o desenvolvimento neurológico infantil.
O Impacto das telas no desenvolvimento Infantil
Para muitos pais, é difícil resistir à tentação de deixar a criança por algum tempo em frente à TV. Em geral, elas se acalmam e permanecem quietas. Esse sucesso pode ser atribuído aos cortes rápidos e ao excesso de cores primárias, características de qualquer vídeo infantil. "O interesse das crianças pelos eletrônicos relaciona-se com o colorido, o movimento, a sucessão de cenas e o controle que possuem sobre os aparelhos, que modificam e até encerram diante de alguma frustração", diz Saul Cypel, neuropediatra da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.
O uso excessivo da TV e do tablet em crianças pode ter consequências negativas no seu desenvolvimento. De acordo com especialistas, a TV pode atrapalhar o desenvolvimento da linguagem, da atenção e do planejamento, além de aumentar o risco de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Já o tablet, embora possa ser uma ferramenta útil para o aprendizado, deve ser usado de forma moderada e supervisionada pelos pais. A Academia Americana de Pediatria não recomenda acesso a programas de TV antes dos 2 anos de idade, e estudos demonstram que o uso excessivo da TV em bebês pode levar a um repertório de linguagem menor e um risco maior de atraso de linguagem.
A Importância da participação dos pais
Os pais desempenham um papel crucial no desenvolvimento cerebral dos filhos, oferecendo um ambiente rico em estímulos e apoio emocional. Aqui estão algumas orientações práticas para promover o desenvolvimento saudável do cérebro infantil:
- Leitura Diária: Ler para seu filho desde cedo não apenas melhora suas habilidades linguísticas, mas também cria um vínculo emocional forte. Utilize livros coloridos e cheios de figuras para capturar a atenção das crianças menores.
- Jogos Educativos: Jogos que envolvem coordenação, memória e resolução de problemas são benéficos para o desenvolvimento neurológico infantil. Brinquedos de construção, quebra-cabeças e jogos de tabuleiro são excelentes opções.
- Atividades Físicas: Atividades físicas são cruciais para o desenvolvimento motor e cognitivo. Brincadeiras ao ar livre, dança, natação e esportes ajudam a criança a desenvolver habilidades motoras e sociais.
- Exercícios de Neuroaprendizagem: Utilize exercícios que envolvam atenção, memória, lateralidade e pensamento flexível. Atividades como jogos de memória, desafios de lógica e exercícios que promovem a lateralidade podem ser muito benéficos.
- Estimulação Sensorial: Ofereça uma variedade de estímulos sensoriais. Isso pode incluir música, artes plásticas, exploração tátil (como massinha de modelar), e atividades que envolvam o olfato e o paladar.
Métodos de Ensino Eficazes para Diferentes Idades
Bebês (0-3 anos):
- Flashcards: Use flashcards grandes e coloridos para ensinar palavras, números e conceitos gerais.
- Criatividade e Brincadeira: Atividades que envolvem criatividade, como pintar e desenhar, ajudam no desenvolvimento da imaginação e das habilidades motoras finas.
Crianças Pequenas (3-6 anos):
- Integração de Conhecimento: Combine diferentes áreas do conhecimento para criar uma compreensão mais ampla. Por exemplo, use histórias para ensinar matemática ou ciências.
- Neuroaprendizagem: Jogos que promovem a atenção e a memória, como quebra-cabeças e jogos de sequência, são muito úteis.
Crianças Maiores (7+ anos):
- Organização e Automonitoramento: Ensine seu filho a organizar seu tempo e tarefas, ajudando-o a desenvolver habilidades de planejamento.
- Desenvolvimento de Habilidades Específicas: Foco em habilidades acadêmicas, como leitura avançada, matemática e conhecimento geral.
Conclusão
O desenvolvimento do cérebro infantil é um processo dinâmico que depende de diversos fatores, incluindo genética, ambiente e a participação ativa dos pais. Ao estimular as crianças desde bebês, podemos maximizar seu potencial intelectual, tornando o processo de aprendizado uma experiência divertida e envolvente, fazendo com que elas mantenham o gosto por aprender. Pais que oferecem conhecimento e habilidades com amor e respeito criam crianças mais felizes, gentis e inteligentes.